Após
lançamento nacional do Festival de Curitiba, peça de Diogo Liberano e Keli
Freitas fará curta temporada no Rio de Janeiro.
Foto de Paula Kossatz. |
Uma
turma de alunos e uma professora da pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo
desenvolvem uma pesquisa sobre o estádio Mário Filho, o Maracanã, durante a
Copa do Mundo de 2014. “Concreto Armado”
tem dramaturgia de Keli Freitas e Diogo Liberano, que também assina a
direção, e terá sua estreia nacional no Festival
de Curitiba nos dias 26 e 27 de
março. A peça chega ao Rio no dia 3
de abril, no Espaço SESC, onde
fará curta temporada.
Dando
continuidade à pesquisa iniciada em 2008, o Teatro Inominável apresenta seu quinto espetáculo. A tragédia
carioca “Concreto Armado” encena a história de Manuela, professora de
arquitetura que, aos 43 anos, promove uma mudança radical em sua pedagogia,
tendo em vista a truculência que assola a realidade do Rio durante a Copa do
Mundo de 2014. Em meio a uma pesquisa sobre
Preservação e Restauração do Patrimônio Edificado, os alunos investigam a
arquitetura do estádio Maracanã. Em cena, uma tragédia carioca sobre a educação
brasileira e, por extensão, sobre a construção de um país e de seus cidadãos.
Foto de Paula Kossatz. |
Com
direção de Diogo Liberano, que
assina a dramaturgia com Keli Freitas,
o espetáculo se inspira no concreto armado, tipo específico de concreto que,
por aglutinar diferentes ingredientes, possui força suficiente para sustentação
de prédios e arquibancadas. Partindo da arquitetura, o espetáculo desdobra um
dilema educacional no qual essa professora se vê refém da impossibilidade de
não ver, tornando-se determinante reagir à tortuosidade do dia-a-dia.
“Concreto
Armado” surgiu como um “chamado” da cidade, resume Diogo Liberano, que passa em frente ao Maracanã diversas vezes ao
dia. “No final de 2011, observando o estádio já em obras, veio o desejo de
tocar nesse assunto, que naquele momento começava a mexer não só nas dinâmicas
internas da cidade, mas sobretudo externamente, nas ruas, com obras, remoções,
etc.”, recorda.
Uma
matéria especial sobre os impactos da Copa do Mundo de 2014, no Brasil,
publicada na revista Le Monde Diplomatique Brasil, foi determinante para o
início do processo da peça. “Revelava aquilo que a gente suspeita, mas não
acredita (talvez porque seja absurdo demais acreditar)”.
O
processo de criação começou então em novembro de 2011, com pesquisas teóricas e
encontros entre os integrantes da companhia que aconteceram até o fim de 2012.
Em 2013, investiu-se na realização de um Programa de Performances, por meio do
qual, a cada mês do ano (de maio de 2013 a janeiro de 2014), cada integrante
realizou uma ação na cidade do Rio de Janeiro. “Tocamos na cidade de maneira
efetiva e capturamos alguma gravidade que nos pareceu mais concreta, mais real,
mais alinhada com a ordem dos dias que estávamos (e ainda estamos) vivendo”,
define Liberano.
Foto de Paula Kossatz. |
“Concreto
Armado” apresenta a vida de sete cariocas durante o contexto da Copa do Mundo.
“Nossos personagens são humanos possíveis, que passam por nós todos os dias, em
ônibus, táxis, pelas calçadas, nas escolas, universidades, pontos turísticos e
em meio ao comércio”, destaca o diretor e autor. Para tratar de temas como
morte, violência, e corrupção, a dramaturgia encontrou na poesia, a partir de
metáforas e analogias, a possibilidade de expor as feridas sociais. “É uma peça
sobre consciência, sobre abertura de olhar e sobre a impossibilidade de não ver
o que está acontecendo”, conclui.
EQUIPE DE CRIAÇÃO
Direção: Diogo Liberano
Dramaturgia: Diogo Liberano e Keli Freitas
Elenco: Adassa Martins, Andrêas Gatto,
Caroline Helena, Flávia Naves, Gunnar Borges, Laura Nielsen e Marina Vianna
Trilha e Direção Musical: Luciano Corrêa
Cenário: Elsa Romero
Figurinos e Visagismo: Marina Dalgalarrondo
Iluminação: Renato Machado
Fotografia: Paula Kossatz
Vídeo: Philippe Baptiste
Social Media: Teo Pasquini
Programação Visual: Lebre Azul
Produção: Dani Carvalho e Tamires Nascimento
Realização: Teatro Inominável
Classificação Etária: 14 anos
Duração: 75 minutos