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domingo, 24 de novembro de 2013

concreto armado iii


descrição de concreto armado iii

grito

descrição (vai estar na primeira pagina do caderno, como instrução): esta ação é um desabafo. um grito seu, meu, nosso. eu já não posso mais. me calaram. as forças me calaram, as cenas, imagens, reflexões, noticias, impotência... a proximidade me cala.

o meu grito é através do seu. hoje você é quem fala por mim. pois então faça isso - grite! 

o que eu quero de você? seu desabafo. 

o que te afeta? qual sua indignação maior no cenário atual? pense no rio de janeiro, na situação política e social que estamos enfrentando, no lugar manipulador que a mídia ocupa, nos presos políticos, nas manifestações, na copa do mundo, na truculência policial, no governo, em toda a imundice que somos obrigados a enfrentar diariamente... 

permita-se escrever, ou quem sabe desenhar, rabiscar, fazer um origami, o que quiser. (pode ser uma carta, um bilhete, uma frase, uma palavra...).

eu, hoje, infelizmente não posso conversar com você. mas você pode conversar comigo. utilize as folhas desse caderno para isso. perdoe-me por não responder, mas tenha a certeza de que, ao entrar em contato com esse material, terei muito o que dizer. portanto, se assim desejar, deixe seu email para que possamos nos corresponder. eu te escreverei. 

permita também que outras pessoas tenham acesso a este caderno. ele é coletivo e será utilizado posteriormente para fins artísticos. não precisa se identificar, se não quiser. 

obrigada por acreditar em mim. obrigada por gastar seu tempo comigo. 

data: 26/11/2013 (terça-feira)
horário: a partir de 10h, permanecendo por 40 minutos em cada lugar.
locais: corredor da eco - ufrj / porta principal do shopping leblon / largo da carioca / del castilho (passarela do shopping nova américa) / hospital miguel couto / colégio municipal (?) perto da ufrj

materiais utilizados: um caderno pautado, inicialmente em branco, com o texto de descrição na primeira folha / caneta / uma mordaça preta / um cartaz dizendo "você não quer saber sobre isso"

vou chegar no local, vestir a camisa de escola municipal, me posicionar, colocar a mordaça e esperar.

obs: não posso me alimentar, beber líquidos ou usar o telefone enquanto estiver com a mordaça. no trajeto de um lugar para o outro isso será permitido. eu removerei a mordaça para me deslocar entre os locais escolhidos. tenho uma pausa para almoço quando achar necessário. 

taís feijó

Resposta a CONCRETO ARMADO VI - MANY[festa]AÇÃO

Ada ---

Minhas respostas estão virando colocações teóricas, mas juro, nasce tudo de algum arrepio que se conserva, desde o dia em que estivemos reunido em torno do estádio Mário Filho, o Maracanã. Creio, em primeiro lugar, que a sua ação performática anulou a noção que eu tinha de performance. Eu vou tentar me explicar:

ao invés de acontecimento estético, ao invés de um programa sendo seguido - por mais que tivesse sido planejado, não foi cumprido - houve uma tensão constante, como se fosse uma dramaturgia de linha, pequena, correndo o risco de sumir e nunca mais voltar. UM FINA TENSÃO, TAL QUAL FIO QUE PRENDE O BALÃO DE GÁS.

Depois, a presença da sua família, tornando mais real o que eu sabia que se pretendia não ser. Não se pretendia ser real? É onde me engano. Sua ação misturou as coisas e apaziguou tremores. Ao mesmo tempo, é estranho, estava tudo lá, na iminência. Eu fico, hoje, pensando em poética negativa, nessa ação de dizer uma coisa fazendo-a por meio de outra forma (não prevista).

Nós limpamos o coreto e fomos embora. Mas a coisa continuou presente em mim, sob forma de estranhamento. Eu não escrevo para validar, dar parabéns, dizer se gosto ou não gosto. Eu escrevo para estender até você (até vocês), a minha resposta mais sincera ao que foi compartilhado ali.

Acho inesquecível:
Estes dois trabalhadores enjaulados no Maracanã e você passando pelas grades doce da festa para eles.


Acho possível:
Fazer da cidade um pequeno set de gravação de si mesma, no qual se forjam outras realidades.


Por fim, o que encontrei: uma fina tensão guardada com afeta numa inocência qualquer.
Esta sua ação é modelo exato daquilo que seria propulsor de uma tragédia como a nossa.

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sábado, 23 de novembro de 2013

Resposta a CONCRETO ARMADO VII - Natureza Morta


Gunnis ---

Eu não fui te ver. Eu lembro que estava ocupado com alguma coisa, mas, mesmo assim, lembro mais da minha preocupação com um projeto de ação cuja entrada - irrevogável - no seio da cidade fosse tão avassaladora. E tão espetaculosa.

Daí estava no computador e vi uma amiga, com quem não falava fazia anos, vi esta amiga postar uma foto tirada do alto de um prédio. Eis o print screen que fiz da foto no momento em que ela postou. Depois, seguiram-se conversas e explicações possíveis ao que fazia você estar ali, naquela situação desejada.


E mesmo que nada tivesse dado a sua ação algum sentido (possível, a quem desconhecesse se tratar de uma ação estética), ainda assim era você, fazendo comunhão com a cidade, elevando à enésima potência o encontro com a rua.

Depois eu recebi um telefonema da Natássia, meio que me pedindo ajuda, porque haviam jornalistas, fotógrafos e a coisa toda tinha se encaminhado para outro lugar. Daí eu fiquei me perguntando, como fazer para não transformar em capa de jornal/revista toda a nossa ira?

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"O caráter destrutivo" - Walter Benjamin

É possível que alguém, ao fazer um retrospecto de sua vida, verifique que quase todas as ligações mais profundas que ele experimentou, tenham partido de indivíduos sobre cujo "caráter destrutivo" todo o mundo estava de acordo. Esbarraria um dia, talvez casualmente, nesse fato, e quanto mais duro fosse o choque, tanto maiores seriam suas chances de representar o caráter destrutivo.

O caráter destrutivo conhece apenas uma divisa: criar espaço; conhece apenas uma atividade: abrir caminho. Sua necessidade de ar puro e de espaço é mais forte do que qualquer ódio.

O caráter destrutivo é jovem e sereno. Pois destruir rejuvenesce, porque afasta as marcas de nossa própria idade; reanima, pois toda eliminação significa, para o destruidor, uma completa redução, a extração da raiz de sua própria condição. O que leva a esta imagem apolínea do destruidor é, antes de mais nada, o reconhecimento de que o mundo se simplifica terrivelmente quando se testa o quanto ele merece ser destruído. Este é o grande vínculo que envolve, na mesma atmosfera, tudo o que existe. É uma visão que proporciona ao caráter destrutivo um espetáculo da mais profunda harmonia.

O caráter destrutivo está sempre atuando bem disposto. A natureza lhe prescreve o ritmo, pelo menos indiretamente: pois ele deve adiantar-se a ela, do contrário ela própria assumirá a destruição.

O caráter destrutivo não se fixa numa imagem ideal. Tem poucas necessidades, e a menos importante delas seria: saber o que ocupará o lugar da coisa destruída. Primeiramente, pelo menos por um instante, o espaço vazio, o lugar onde se encontrava a coisa, onde vivia a vítima. Certamente vai aparecer alguém que precise dele, sem ocupá-lo. 

O caráter destrutivo executa seu trabalho, evitando apenas trabalhos criativos. Assim como o criador busca a solidão, assim também o destruidor precisa cercar-se continuamente de pessoas, de testemunhas de sua eficácia. 

O caráter destrutivo é um sinal. Assim como um sinal trigonométrico está exposto ao vento, de todos os lados, assim também ele está exposto, por todos os lados, aos boatos. Não tem sentido protegê-lo contra isso.

O caráter destrutivo não tem o mínimo interesse em ser compreendido. Considera superficiais quaisquer esforços nesse sentido. O fato de ser mal entendido não o afeta. Ao contrário, ele provoca mal entendidos, assim como o faziam os oráculos - essas instituições políticas destrutivas. O fenômeno mais pequeno-burguês, o falatório, só acontece porque as pessoas não querem ser mal entendidas. O caráter destrutivo não se importa de ser mal entendido; ele não fomenta o falatório. 

O caráter destrutivo é o inimigo do homem-estojo. O homem-estojo busca sua comodidade, e a caixa é sua essência. O interior da caixa é a marca, forrada de veludo, que ele imprimiu no mundo. O caráter destrutivo elimina até mesmo os vestígios da destruição. 

O caráter destrutivo se alinha na frente de combate dos tradicionalistas. Uns transmitem as coisas na medida em que as tomam intocáveis e as conservam; outros transmitem as situações na medida em que as tornam palpáveis e as liquidam. Estes são chamados destrutivos. 

O caráter destrutivo tem a consciência do indivíduo histórico cuja principal paixão é uma irresistível desconfiança do andamento das coisas, e a disposição com a qual ele, a qualquer momento, toma conhecimento de que tudo pode sair errado. Por isso, o caráter destrutivo é a confiabilidade em pessoa. 

O caráter destrutivo não vê nada de duradouro. Mas, por isso mesmo, vê caminhos por toda a parte. Mesmo onde os demais esbarram em muros ou montanhas, ele vê um caminho. Mas porque vê caminhos por toda a parte, também tem que abrir caminhos por toda a parte. Nem sempre com força brutal, às vezes, com força refinada. Como vê caminhos por toda a parte, ele próprio se encontra sempre numa encruzilhada. Nenhum momento pode saber o que trará o próximo. Transforma o existente em ruínas, não pelas ruínas em si, mas pelo caminho que passa através delas. 

O caráter destrutivo não vive do sentimento de que a vida vale a pena ser vivida, e sim de que o suicídio não compensa.

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BENJAMIN, Walter. O caráter destrutivo. In: BENJAMIM, Walter. Rua de Mão Única. Obras Escolhidas II. São Paulo: Editora Brasiliense, 1995.

Intuição Artística :::

Neste exato momento, em que muitas referências desejos e vontades me assaltam, eu busco abrigo lá no longe, neste espaço onde um dia eu disse se chamar intuição. Deve existir algo anterior a tudo isto que conserve - ainda pura - a minha ira.

Eu preciso retornar para lembrar de novo os arrepios e a primeira fagulha de alguma consciência. Existe sim, na intuição primeira, existe nela - sim - alguma parcela imprevisível, inexplicável e, por tudo isto, parcela esta de previsão, de antecipação do mundo tal como ele se apresenta hoje.

Consciência pura e disforme; avessa a quem lhe possa explicar ou fazer caber.

Lembro que quando pensei nesta peça a primeira coisa que me veio foi a explosão do Maracanã. Eu acho que passei de ônibus em frente ao estádio e pensei vambora explodir tudo isto. No início, esta vontade virou rapidamente a sinopse do projeto. Depois, depois mesmo, mais de um ano depois, eis que a explosão virou parte da coisa e a coisa então ganhou outro corpo: eu soube, descobri, que se tratava de educação.

A intuição que antes era início virou desdobrar. Hoje eu vago em busca do que me faz ter certeza de que a intuição primeira é a grande questão. Eu busco - mesmo - validar a minha intuição.

paradoxo

Mas hoje, se busco a intuição, é para determinar a progressão dos sonhos que tive até o momento. Explosão e educação, entremeadas e se nutrindo, uma da outra, em reciprocidade. A explosão como saldo anterior de um processo que se escorre até o agora. Caminho invertido. Da explosão chegou-se à educação (e explodir aqui não é, necessariamente, algo negativo).

Explodir. Verbo da terceira conjugação. Verbo Ir. Explode. Ir. Explod. Ir. Explodir.

Pausa para um cigarro.

EXPLODIR-SE EM DESEJO CRU DE UMA ABERTURA POSSÍVEL.

~~~

ainda bem que há a poesia.

O Que É Isso, Companheiro?

O Que É Isso, Companheiro? é um filme brasileiro de 1997, dirigido por Bruno Barreto, com roteiro parcialmente baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira, escrito em 1979. Produzido por Luiz Carlos Barreto, é estrelado por Pedro Cardoso, Fernanda Torres, Cláudia Abreu, Matheus Nachtergaele, Luiz Fernando Guimarães e tem uma participação especial de Fernanda Montenegro e do ator norte-americano Alan Arkin no papel de Charles Burke Elbrick, entre outros.


O enredo conta, com diversas licenças ficcionais, a história verídica do sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969, por integrantes dos grupos guerrilheiros de esquerda MR-8 e Ação Libertadora Nacional, que lutavam contra a ditadura militar do país na época e pretendiam trocar o embaixador por companheiros presos.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"E se todo dinheiro da Copa fosse investido em educação pública?" - REVISTA EDUCAÇÃO

Estima-se que a Copa do Mundo de 2014 custará R$ 28 bilhões. Tomando o estudo do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial) como referência, com R$ 25,277 bilhões daria para construir unidades escolares para todos os 3,7 milhões de brasileiros de 4 a 17 anos que estão fora da escola.



Daniel Cara

São Paulo, 20 de junho de 2013.


Um dos motivos da justa onda de protestos que toma o Brasil é o alto custo da Copa do Mundo de 2014.



Estive a trabalho na África do Sul no período da Copa das Confederações (2009) e da Copa do Mundo (2010). É bom que todos os brasileiros tenham ciência: em qualquer lugar do mundo, os eventos FIFA são demasiadamente onerosos e elitizados. Contudo, no Brasil a situação está mais grave.



Ontem (19/6), o jornalista Jamil Chade, do grupo Estado, informou que em abril o governo estimava que a Copa do Mundo de 2014 custaria de R$ 25,5 bilhões. Anteontem (18/6), o secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Luis Fernandes, anunciou que a Copa deverá custar R$ 28 bilhões.



Em comparação com outros Mundiais, o evento no Brasil é o mais dispendioso. Em 2006, a Alemanha gastou na 3,7 bilhões de euros para sediar a Copa, cerca de R$ 10,7 bilhões. Em 2002, Japão e Coreia, gastaram juntos US$ 4,7 bilhões, cerca de R$ 10,1 bilhões. Na África do Sul, em 2010, o custo do evento foi de US$ 3,5 bilhões, perto de R$ 7,3 bilhões. Conclusão: a Copa do Mundo de 2014 será a mais cara da história.



E é um acordo estranho. O Brasil paga a conta, mas é a FIFA quem lucra. Segundo seus próprios dados, a "entidade máxima do futebol" estimava, em 2011, que gastaria US$ 3,2 bilhões para organizar o Mundial, obtendo uma receita de US$ 3,6 bilhões. Mas Jerome Valcke, o mal humorado secretário-geral da FIFA, admitiu que a renda irá superar a marca de US$ 4 bilhões, dobrando o lucro da entidade com o evento. 



Com base nessas informações, realizei um rápido exercício de cálculo. Fui estimulado pela imagem de um cartaz que figurou nos protestos de São Paulo, altamente compartilhada nas redes sociais. O texto dizia: "Eu quero escolas e hospitais 'padrão FIFA'".



Aviso, logo de cara, que tal como ocorre com os estádios de futebol, o chamado padrão FIFA é um luxo desnecessário. Portanto, como referência, vou tomar o único instrumento brasileiro capaz de contabilizar o custo de construção, equipagem e manutenção de escolas dedicadas à relação de ensino-aprendizagem. O mecanismo é de autoria da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e se chama CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial).



Fiz o seguinte exercício: o que os R$ 28 bilhões que serão gastos com a Copa do Mundo de 2014 fariam pela educação pública?



Como parâmetro de demanda, tomei como base o dado do relatório brasileiro "Todas as crianças na escola em 2015 - Iniciativa global pelas crianças fora da escola", produzido pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e, novamente, pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação. A principal conclusão do documento é que 3,7 milhões de crianças e adolescentes brasileiros, de 4 a 17 anos, estão fora da escola. No entanto, segundo a Emenda à Constituição 59/2009, todos os cidadãos dessa faixa-etária devem estar obrigatoriamente matriculados até 2016.



Assim, o primeiro desafio é o de dimensionar o volume de pré-escolas e escolas que precisam ser construídas. Operando os cálculos, faltam 5.917 estabelecimentos de pré-escolas, 782 escolas para os anos iniciais do ensino fundamental, 593 escolas para os anos finais e 1.711 unidades escolares de ensino médio. Em segundo lugar, é preciso dimensionar os custos de construção e aquisição de equipamentos. Para os 5.917 prédios de pré-escola são necessários R$ 15,047 bilhões. No caso das unidades de ensino fundamental, o custo seria de R$ 1,846 bilhão para os anos iniciais e 1,769 bilhão para os anos finais. Por último, para construir e equipar as escolas de ensino médio, o investimento seria de R$ 6,615 bilhões.



Tudo somado, o Brasil deve aplicar R$ 25,277 bilhões para construir e equipar pré-escolas e escolas capazes de matricular todas as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos até 2016. Ainda assim, subtraindo esse montante dos R$ 28 bilhões que devem ser despendidos com a Copa, sobram R$ 2,721 bilhões. É um bom recurso!



Obviamente, esse cálculo trata apenas do investimento em construção e aquisição de equipamentos, com base em um padrão mínimo de qualidade mensurado no CAQi. Não estão sendo considerados, por exemplo, a imprescindível construção de creches, instituições de ensino técnico profissionalizante e de ensino superior. Muito menos estão sendo contabilizados custos essenciais para a manutenção das matrículas com qualidade, como salários condignos para os professores e demais profissionais da educação, custos com uma boa formação inicial e continuada para o magistério, além de uma política de carreira atraente. Como é de conhecimento geral, se tudo isso fosse considerado, tomando outros fatores do CAQi como referência, além de outros instrumentos, o Brasil precisaria investir, em 10 anos, cerca de R$ 440 bilhões em educação pública, ou o equivalente a 10% do seu PIB (Produto Interno Bruto) de 2012.



Hoje investe, conforme dados oficiais, cerca de R$ 233,2 bilhões.

Portanto, o exercício apresentado aqui serve basicamente para estimular uma reflexão: o orçamento público deveria obedecer a uma lógica de prioridade. Por mais que o povo brasileiro ame o futebol, os manifestantes têm declarado que preferem educação pública, saúde pública e transporte público de qualidade. A FIFA tem dito que a Copa de 2014 será um festa, a nossa festa. Se for verdade, será uma comemoração indigesta, pois já estamos sendo obrigados a engolir regras, padrões e ingressos caros e para poucos. E pior: todos os contribuintes brasileiros pagarão a conta.

Início das aulas ---

Como na infância.


"Manifestações que tomaram as ruas inspiram criações teatrais politizadas" - O GLOBO

 

http://oglobo.globo.com/cultura/manifestacoes-que-tomaram-as-ruas-inspiram-criacoes-teatrais-politizadas-10846492

terça-feira, 19 de novembro de 2013

E se...

Voltamos então a Stanislavsky, ao seu jogo.
Parece-me que se a dramaturgia num todo deseja ultrapassar a denúncia e oferecer proposições de mundo, então me parece ser determinante jogar com o SE, com as possibilidades.
Nunca antes a dramaturgia me pareceu tanto como um projeto de mundo. A dramaturgia, talvez - e com sinceridade - pela primeira vez será integralmente aquele papo de (não o que somos nem o que fomos, mas) aquilo que ainda não conseguimos ser.
Eu fico especulando esses sonhos e só mesmo aqui, em criação, o possível e o impossível se tornam vizinhos e potenciais amigos. O mundo quando posto em criação é mais capaz.
Se a truculência tal qual aquela que legisla o nosso mundo é aquilo que desejamos deter, então eu preciso me perguntar e daí?
O que virá sobrepor-se ao que temos?
?..
E se explodirmos um estádio?
E daí?
?..

Especulações.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Resposta a CONCRETO ARMADO VIII - Figuras Públicas



arrepio | coluna | violino | escrito | tudo isto


mais uma vez eu passo aqui, neste blog, para deixar algumas coisas que estão me perseguindo. no mês de outubro, por conta da inominável ocupação que o teatro inominável fez no teatro glaucio gill, aqui no rio de janeiro, fizemos uma das ações de concreto armado. e foi a minha. concreto armado IV, intitulada EMENTA.

por conta dela, como eu disse, muita coisa se firmou e firmou pacto comigo. eu tenho, pouco a pouco, firmado alguns lugares sobre este trabalho-precipício. e o mais firme é este da espinha dorsal sendo crispada pelo som do violino. é uma perseguição, o som sobre o corpo. o corpo e o som. e quase mais nada.

convidei a violinista carol panesi para jogar esta tentativa. não sabíamos nada. apenas que estaríamos ali, juntos, tramando o futuro (que ainda não veio).

Foto de Carolina Calcavecchia.

e eis que agora conseguimos firmar também nossa estreia para abril de 2014 aqui neste rio de janeiro. e eis que esse caderno ai em minhas mãos, na foto, guarda nele todo um projeto que está mais desenhado do que sempr esteve. não quer dizer que está pronto, mas as apostas, as chamadas fichas, já foram jogadas. e não há nada inédito a ser construído. o que vamos fazer daqui para frente é capturar novamente - e sempre - a possibilidade do arrepio.

escrita do arrepio. violino na coluna.

outro dia imaginei que cada um dos atores estará munido de um violino. e que a cena é esse desarranjo.

que a cena é esse perigo.

grau zero da encenação, lembra? eu lembro.

escrever para esquecer. para lembrar. romance.